09/09/2014

Todo dia
O dia todo
Era você
Que vinha

O dia todo
Certos dias
Era você 
Que entrava

Todo dia
Certas semanas
Era você
Que ia

Até que
Certo mês
Certos dias
Você sumia

E hoje em dia
Todo dia
Me pergunto
Por que não
Te acho mais

30/05/2014

Sobre as vidas alheias ou como elas são feias.

Cheguei à farmácia e a confusão ainda não tinha começado. Ela chegou depois de mim e já queria falar com a gerente. Quando presencio casos de conflito, sempre penso de quem é a razão e guardo pra mim. De início, fiquei na dúvida, mas rapidamente via-se que a senhora estava exagerando e muito:

    “Eu tenho 80 anos, não posso esperar. Não posso ficar em pé, eu estou tonta, eu vou morrer. Eu não posso sentar, eu operei a coluna. Seus incompetentes!”
      
Depois de abrir a porta de vidro com tal força que era capaz de quebrá-la, a idosa revoltz saiu e logo virou assunto entre os clientes. A mulher que tava na minha frente, na fila, gostou tanto dela que dissertou sobre o fato por horas:
   
“Se uma pessoa é boa, ela vai envelhecendo e ficando mais bondosa. Se é ruim, vai ficando perversa.”
      
Sem saber se era verdade ou mentira, a mulher simpática foi embora. Eu paguei meus remédios e 
também saí.
   
Passando pelo Mercado Público, alguém esbarrou, às pressas, na bolsa da loira que tava andando na minha frente:
    
“Ai, que nojo! Odeio as pessoas que passam por aqui. Quando eu trabalhava na Zero Hora, eu tinha que vir quase todo dia pra esse inferno de Centro. Eu odeio esse lugar!”
     
Quando ouvi isso, eu lembrei, imediatamente, da velha da farmácia. Seria uma o futuro da outra? Iria a loira piorar sua ranzinzice ainda mais? Naquele momento, eu achava que sim.
    
Depois de passar pela banda da TV e pela exposição do cara do documentário – fatos também marcantes pra mim, que não se sentia perto do mundo –, enfim cheguei à Casa de Cultura Mário Quintana para minha oficina, que eu já não queria mais fazer.
     
Embalada pelos acontecimentos recentes, eu quis transgredir sem pensar duas vezes: larguei a ideia da oficina e fui ao topo do antigo hotel Majestic (atual Casa de Cultura), lá no sétimo andar.
           
Eu estava no topo, assim como a velha e a loira se sentem – só que nem precisar desrespeitar ou menosprezar ninguém. É um lugar bem branco, alto, pacífico, com uma boa vista pro rio (na verdade, lago) Guaíba.

Nunca pensei que uma transgressão dessa pudesse ser tão maravilhosa.

02/11/2013

Um jeito novo de dizer alô.

Coração é uma coisa complicada. Afinal: por que damos tanta importância ao amor, se ele é só um detalhe dentre outros desta vasta vida? Por que mexe tanto com a gente? E por que sempre queremos ser correspondidos?

Tem horas que não sei o que sentir, daí não sei o que fazer; agir com a razão ou com o coração? Por mais racionais que sejamos, acho que o segundo ainda tem um peso considerável no nosso estado de espírito, contribuindo tanto positiva quanto negativamente – no meu caso, agora, contribuindo do segundo modo.

 Ele diz que sou especial. Que sou linda, querida e inteligente. E, por que não? Porque o coração não deixa, não sente, não quer... Só por isso.

Por isso, estou abrindo mão desse amor que sinto devido a alguns fatores que acabaram desgastando-o e, pior do que isso, desgastando-me. Mas ainda sinto, e muito.

 Não é fácil desistir do que se sente ainda sentindo. Mas à força ou com o passar do tempo, tudo pode se ajeitar devido a coisas em que a razão domina. A razão passa por cima do coração, às vezes – como no caso do Graham Bell, que usou a cabeça e inventou o telefone. E mal posso esperar que, um dia, o meu volte a tocar; que ele ligue a qualquer hora para conversar, pois ainda não é muito tarde para ligar. E nesse dia, ele estará diferente e eu também – assim como os nossos “alôs”. Quem será que é?

24/10/2013

Disneylândia

Eu queria ser grande. Tão grande quanto os brinquedos daquele lugar; ou talvez tão poderosos quanto. Mas será que são poderosos mesmo? Eles divertem tanta gente, então, sim.

Mas quando me imagino ter esse poderio, automaticamente abaixo a cabeça, pois sei que nunca serei isso. Não vale esforço, dedicação, nem vontade de agradar a gregos e troianos. Porque talvez algo em mim não seja tão poderoso assim. Acho que sou mais humana do que gostaria de ser; muito coração, pouca máquina.

E os homens são tão pequenos... querendo ultrapassar as nuvens.

06/10/2013

O Amanhã Colorido

        Neste fim de semana não fiz muita coisa, na verdade: sábado saí de manhã e de resto, só dormir, comer, ler, ver TV e Facebook. Mas também peguei meu violão e comecei a tocar – me lembrei da música O Amanhã Colorido (que é uma música que gosto muito), do Cidadão Quem. Daí, tentei pegá-la de ouvido e consegui; eu fiquei bem feliz.
           Não fiz muita coisa, porém não me deu aquele tédio que de vez em quando me consome e me deixa triste porque eu tinha aprendido uma música nova no violão e eu estava com (bastante) tempo pra tocar e me sentir bem. Depois de cantar e tocar a música umas cinquenta vezes, enjoei-me dela e fui fazer outras coisas.
         No fim do dia de domingo, me deparei com uma situação que me fez relembrar que não se deve esperar nada das pessoas, principalmente das que gosta, senão a gente pode se machucar. Fiquei com ódio, talvez de mim mesma. E no meio desse meu ódio, de repente, minha mãe ligou o rádio. Adivinhem que música estava tocando...
            Moral da história? Nada. Nesse momento eu só quero que O Amanhã Colorido e que tudo o mais vá pro inferno.

                

28/09/2013

Amores Platônicos

Na minha cabeça, somos muito amigos; gostamos muito um do outro e temos sempre muito assunto. Na verdade, nos cumprimentamos com frequência e nosso papo acaba rápido, sendo necessário, da minha parte, se esforçar para falar sobre qualquer coisa.


Na minha cabeça, ele me olha tanto quanto e da mesma forma que eu o olho; a admiração é recíproca. Na verdade, eu... não sei, porque sempre que fita na minha direção, eu desvio o meu olhar.


Na minha cabeça, ele me rouba um beijo num lugar deserto sob a luz de um poste no meio da rua e de madrugada. Na verdade, essa cena nunca acontecerá, pois na cabeça dele um desejo parecido é sentido e, quando as duas fantasias semelhantes são reveladas, ambos ficamos assustados e nada de concreto ocorre, pois o medo de que nada fique como antes no mundo da invenção toma conta de nós.

07/09/2013

A queda

Quanto maior a altura, maior a queda; quanto maior a altura, maior a queda; quanto maior a altura, maior a queda; quanto maior a altura, maior a queda; quanto maior a altura, maior a queda, quanto maior a altura, maior a queda, quanto maior a altura, maior a queda; quanto maior a altura, maior a queda; quanto maior a altura, maior a queda; quanto maior a altura, maior a queda; quanto maior a altura, maior a queda; quanto maior a altura, maior a queda; quanto maior a altura, maior a queda; quanto maior a altura, maior a queda; quanto maior a altura, maior a queda.

Oh, como a vida é bela!