27/12/2011

2011


Astronauta foi pra lua
Depois disso, foi pra rua
Só porque votou no Lula
Dei um grito, um tiroteio
E a polícia lá no meio
Acusando um estrangeiro

Eu quase posso falar
Que ainda existe censura
Alimentando o pior
Com violência nas ruas
O céu de cinza sufoca
O mar marrom me afoga
A equação não resolve
Computador me dissolve

Ai, ai, ai, ai, aiaiaiai.

Astronauta foi pra lua
Depois disso, foi pra rua
Só porque votou no Lula
Dei um grito, um tiroteio
E a polícia lá no meio
Acusando um estrangeiro

A 130 quilômetros
Algum alguém sai de cena
Com o bucho cheio de breja
Ultrapassando lambretas
É nessa rota que nós
Queremos continuar:
Um filho por espaço
E mais de vinte maços?


11/12/2011

Malditos Degraus


         Ela estava pronta: cabelos presos, roupa de ginástica e muita, muita disposição. Para a mãe, ela iria dar uma caminhada na orla para manter-se em forma. Para, ela, ELA, não. Ela estava saindo escondida.
         Quem não conhece a casa, ou melhor, o prédio em que vive, não sabe que há 5 lances de 15 degraus para se chegar ao térreo. De 10 andares, morava no quinto. O elevador estava em manutenção.
       Saiu de casa. Com um aperto no peito, porém com uma ansiedade boa, ela vai até o encontro ao amado. Normalmente não o faria, mas correu um pouco para o tempo passar mais rápido. Afinal, era um dia especial.
       Chegou ao local. Quis ir embora na mesma hora. O que antes era esperança tornou a ser sede de vingança. O cara que amava já não lhe amava mais. Estava com outra.
         Ela foi embora antes mesmo do (agora) ex-amado perceber alguém lhe observando. Ela chegou aos pés do prédio, entrou, subiu os 75 degraus e finalmente chegou em sua casa, toda suada. Sua mãe, tadinha, ficou tão feliz por pensar que a filha tinha mesmo feito exercício físico. Ela não falou nada a respeito de nada, mas ela, ela também ficou feliz, pois sabia que não iria precisar descer nunca mais. Não pela escada.

09/12/2011

Um texto bem humorado

       Era de classe média. Alta. Quando entrei naquele ambiente onde todas as funcionárias de cabelo liso pintado abriram aquele sorriso de gente que nos conhece (eu não, é sério) e ouvi aquelas músicas de Jovem Pan que são tocadas há mais de 5 anos nas mesmas rádios, eu percebi que aquela ocasião haveria de ser uma grande aventura.
       Eu já havia cortado o cabelo nesse lugar, me lembro muito bem. Foi em 2008, quando deixei de ser uma menina de cabelo longo para ser uma de curto. Foi uma transformação drástica, boa e que queimou minha orelha na hora da escovinha que nem sabia que iria fazer.  Pensava que meu cabelo já era liso, pô...
     Finalizando a introdução, depois de 3 anos sem chegar nem perto, até um salão de beleza tem suas mudanças: nova decoração, nova localização... E novas pessoas.
      Por exemplo, na minha primeira vez lá não havia nenhuma mulher alta, grande, forte, bem arrumada, maquiada e tão feia que parecesse... Um homem. Desconfiei à 1ª instância, mas não quis ser tão cruel e coloquei na minha cabeça que isso era marcação. Depois da espera, hora de lavar o cabelo. Uma voz forte me chama. Era ela. Ou ele.
       O cara queria era arrancar meu cabelo! Ficava puxando e puxando mais, e foi nessa hora que não tive dúvida: era um travesti que estava atrás de mim. Era a primeira vez que via um trabalhando num salão.
     Depois, fui esperar a cabeleireira na cadeira. Aquela música já estava me dando náuseas. A única diversão ali era se olhar no espelho, com o cabelo molhado, todo virado pra trás, parecendo um Avatar e imaginando como o cabelo iria ficar dali a 20 minutos ou um pouco mais. Mas essa unidade haveria de acabar, quando chega uma funcionária me perguntando se eu queria uma revista. Eu disse que não.
        - Pegue uma, mulher.
       Eu não insisti muito em não querer, porque vai que eu gostava de um novo corte de cabelo, sei lá.
       - Toma.
       Era a Kristen Stewart na capa. Música de playboyzinho e revista Capricho na minha mão.
       - Se quiser Caras...
       - Não, obrigada, que Caras eu já li hoje.
      Pensava que ela ia dar alguma das revistas de cabelo que eu fiquei olhando quando cheguei, mas não, ela quer que eu saiba se o gatinho tá me dando mole e quais são as cores-tendência desse verão (e saber se a Bella Swan já se separou do vampirinho depilado). Deveria ter aproveitado a água que eles me deram pra jogar naquela revista e no aparelho de som – aí pifava tudo, olha só que maravilha! – Mas a tão esperada mulher chegou a tempo.
      Daí até o corte tudo correu bem. Corte bonito, confortável, bem cortado e diferente. Durante o processo eu já estava na dúvida de como seria dessa vez, já que, como já falei aqui, fizeram escova no meu cabelo liso e ainda queimaram minha orelha. Eis que chega a hora da verdade: ouço uma pedindo pra outra “Faça escova pro lado de fora.” É isso. Minha sina iria se repetir. Eu ia ter duas orelhas queimadas duas vezes na minha vida. Uma espécie de membro quebrado.
      Na verdade, só estou fazendo drama. Elas não queimaram realmente! Só esquentaram um pouquinho a ponto de ser quente demais. Eu não queria dizer NÃO porque eu não sabia como era lá, se era de graça e pá; e também, aquela cadeira era puta confortável e eu queria ver as dicas de maquiagem para peles morenas!
       Ao final de tudo, minhas orelhas não ficaram tão tristes... Não tanto quanto meus cabelos. Não! Eles não se queimaram! Mas eles estavam montados como os pelos de um poodle. Sim, meus amigos, eu estava uma princesinha. Princesinha Little Princess. Como se não bastasse minha estranheza sobre mim mesma, chega minha mãe:
       - Fez escova, né...
       - Fiz...
       - Ficou bonito...
       - Hm...
       Nessa hora eu dei o “hm” e uma espécie de “é”.  Acertamos tudo e saímos. Logo depois, ela diz:
       - Com escova fica mais caro!
      Dessa vez fiquei calada. Dei uma espécie de “hm” e fomos à loja de produtos naturais situada logo ao lado. E daí que estive na balada, lendo revista fútil, fora de condições da qual estava acostumada a ver? O que importa é que cortei o meu cabelo e que gostei. Se bem que sinceramente eu não espero passar por esse lugar de novo nem tão cedo e se você vier me chamar de fresca eu... quebro sua unha.

17/11/2011

Quase um ponto final (ainda bem que não)

    Quem me viu mês passado viu também que eu não estava bem. Quem me viu este mês, viu que eu melhorei bastante. Mas deixando o estado emocional como coadjuvante, o que quero contar a vocês é o poder que um ser pode exercer sobre outro. Para o bem ou para o mal... conhecendo-a ou não.
    Todo mundo sabe que me conhece sabe que eu tenho esse pequeno defeito oriundo de um parafuso a menos na cabeça de gostar de quem eu não conheço. Eu não acho ruim admirar alguém que está longe de você, pelo contrário - e nem acho ruim ser desparafusada! - isso gera formação de sonhos, formação de personalidade, união entre os com estas similares... Pelo contrário... Até certo ponto.
   Depois de anos de admiração, eis que fui sofrer as consequências da Menina Com Sonhos Demais: um cara (eu já falei sobre ele aqui), que admiro e em quem me inspiro há bastante tempo tem limitado meus acessos virtuais a ele em quase nada. Falei em limite mas o termo literário é esse: BLOQUEIO. Sim, ele me bloqueou não só no Twitter mas como no Facebook e admire: não tem graça nenhuma.
   Chorei. Chorei muito. Chorei a pico de desesperar e ficar sem saber o que fazer. Pode me chamar de ridícula, exagerada... Eu tenho mesmo raízes nas artes dramáticas.
    Eu nunca saberei o motivo desse ato. Provavelmente não.
    Deixo com vocês o silêncio da frustração e parto para a parte alegre da históriaaaaaaa! É.
  A história também começa pelo Twitter. A partir de trocas de respostas, a coisa foi ficando mais frequente do que eu imaginava (eu nunca falei dele por aqui). De repente, ele e sua trupe vieram para a minha cidade e, quando podia dizer que não... Eu tinha ganhado uma coisa que considero como um presente!
   Enfim, foi uma noite maravilhosa. Tirei muitas fotos e não quero me esquecer do momento nem tão cedo.
   Depois dessas duas amostras de relações com pessoas que não pertencem diretamente à minha realidade há um contraste muito grande. Não que o primeiro seja um puro boçal , e não que o segundo seja uma pessoa perfeita; eu não sei, eu não conheço. A coisa boa do primeiro caso é que percebi que eu tinha que enxergar mais a mim mesma. A coisa ruim do segundo é que coisas tão boas assim não acontecem todo dia. O primeiro me fez chorar de dor e o segundo de alegria. O primeiro me fez perceber que a vida gira grande parte ao redor do meu cotidiano e o segundo me ensinou que há, e sempre haverá, uma luz no fim do túnel. E é esse último ensinamento que pretendo levar daqui por diante.

05/10/2011

O peso que se carrega

Um dia desses, num desses intervalos da vida acadêmica, estava eu comendo o pão-pizza nosso de cada dia. Por um momento, parei, pois de tantos dias desses, nenhum me mostrou uma coisa tão impressionante quanto curiosa: uma formiga, grande, carregando um também grande piriquiti. De que serviria aquela bolinha vermelhinha e dura no formigueiro dela? Será que o esforço valeria a pena?

Certas vezes, é preciso sofrer pra encontrar a resposta certa, nem que seja um pouco. Diz-se que devemos ter uma vida leve, sem preocupações desnecessárias e com aquela tal blablazada que só ouvimos ou no final do ano... Ou quando dizemos que não estamos bem. Como adepta de Shakespeare, as coisas entre o Céu e Terra com o que a sua filosofia não sonha se instalam em mim, na minha vida, no meu destino. Eu sinto um peso nisso: às vezes bom, às vezes ruim, mas sempre querendo dizer que algo vai acontecer, mas de nenhuma forma que a gente pensou. Ainda assim, quero ir até o fim. Porque se for ruim, não é agora que eu saberei.

Quando terminei o lanche, olhei de novo para o chão e ainda estava lá a vitoriosa, musculosa e com a força de vontade que talvez nem todos gostariam de ter. As companheiras dela estavam folgadas - com apenas flores nas costas - , sabendo ou não se podiam conseguir mais... E sem a curiosidade que todos deveriam ter.






04/09/2011

A última lembrança

Aconteceu.
Não podemos mais
Ficar correndo atrás
Do que nunca morreu,
porque nunca existiu.
E se existir,
me faça um favor:
guarde num lugar
Onde não é seu.

11/08/2011

Rascunhos perdidos III - 17/07/2010

Outro dia, num café da vida, um certo cidadão conhecido falava assim:
- Pode deixar, eu fico sozinho com a Ananda.
Mentira. Isso nunca aconteceu. Mas é o que acontece...

Rascunhos perdidos II -13/08/2010

Primeiramente queria começar através do início que antes de mais nada eu não vou falar sobre nenhuma banda de forró, arrocha, ou simplesmente de nenhum avanço da tecnologia que tal efeito possa ser realizado um dia. Desculpem-me o pleonasmo. Não, desculpem-me novamente: aos pleonasmos.

Vejo fotos, sonho. Sonho, vejo fotos, vivo. Mais fotos, mais sonhos, mais vida, mais sonhos. Sonho e vivo. Futuro e presente. Junto com o passado recente, essa condição não anda me deixando muito contente. Infelizmente.

Rascunhos perdidos I - 02/02/2011

De uns tempos pra cá, meu saco pra jornalismo tem-se esgotado um pouco. Por conta da obrigação em saber (essas eleições presidenciais contribuiram também e muito para a minha falta de paciência para com isso), eu fico muito menos animada na hora de ver ou ler um jornal.
Na verdade, estou escrevendo para falar o que acho sobre a situação do Oriente Médio-Norte da África, principalmente a do Cairo. Eu não tenho me informado muito a fundo sobre esse acontecimento histórico que está ocorrendo no mundo, mas sei que aqui no Brasil as coisas não seriam assim. Muita, mas muita gente já deve ter dito isso, mas é a mais pura verdade da minha própria opinião: no Brasil, desconfio de que ninguém lutaria dessa maneira. Dessa maneira e de maneira nenhuma. Foi-se o tempo da ditadura. O que me parece é que ninguém tá mais nem aí pra nada: ninguém liga mais pro que é feito e pro que não é feito, e nem quer ligar.


02/07/2011

Jogadoras de CityVille

tu tu tu

- Amiga!!!!
- Oi.
- Tudo bem com você?
- Tudo meio...
- O quê?
- Queria conversar com você...
- Fala. Nossa você tá tão... down...
- Olha sem querer ser chata mas 
- VOCÊ TÁ ME ASSUSTANDO, AMIGA. O que houve?
- Você...
- EU? EU FIZ ALGUMA COISA ERRADA, AMIGA? Olha, amiga, pode me falar porque a nossa amizade é muito importante pra mim (deve ser pra você também) e a última coisa que quero perder é ela.
- Sua falsa.
- Agora é que eu fiquei sem entender mesmo.
- Cara, eu colhi suas alfafas, 6 alfafas, 6! te dei energia, te dei licença de zoneamento, e quando eu peço 1 franquia (1!), você recusa? Ah, não, minha filha, que puta falta de sacanagem aí na peruca, hein, véi, qualé, mermazinha
- Amiga. Minha amiga. EU NÃO SEI JOGAR ESSA PORCARIA DE JOGO. Se eu reprovei sua franquia, foi porque não tinha espaço. Foi sem querer!
- Ah, tá, agora eu acredite.
- Faço qualquer coisa pra você não ficar com raiva de mim. Ou melhor: prometo nunca mais fazer isso!
- Não, não quero mais. O vizinho do lado é muito mais poderoso. E não fale mais comigo até aprender a gerenciar uma cidade de verdade. Tchau.

pi pi pi


19/06/2011

"Mas um dia você vai conseguir"

Bem, há anos que ouço essa frase e há anos que sofro com ela.
A primeira vez que a ouvi, foi quando minha mãe foi visitar meu irmão que mora longe e, claro, queria ir com ela conhecer terras novas. Sem dinheiro e sem clima pra levar a filha pequena, ela respondeu: "Ananda, você ainda vai viajar muito".
Acho essa frase constrangedora. A partir do momento em que você fala uma coisa, ela se torna concreta; e a partir de quando ela se concretiza, a coisa engrandece. Então, até nas pequenas coisas que perdi ou fracassei, ouço essa frase, engrandecendo a tristeza e concretizando-a e, o pior de tudo, alimentando esperanças.
Alimentar esperanças é a pior coisa dessa porra toda, pois quando se vive num lugar e em certas condições onde não há nenhuma, o melhor é que essa tal esperança passe mesmo fome. Eu falo isso porque, inevitavelmente, já consigo saciá-la sozinha.
Nesse exato momento, ouvi uma frase parecida pois eu queria ir no show do Lucas Santtana e não pude ir. Sim, estou chateada, me chateei com a frase, e talvez por isso que eu tenha vindo aqui. Fiz o desabafo para pessoas que não tem a ver com isso, mas sem problemas, que amanhã será um novo dia e ninguém se lembrará de nada mesmo...

17/06/2011

Vínculos.


O texto da semana é sobre vínculos. Vínculos aqueles que são necessários para a toda a nossa construção, pois ajudam a suportar, principalmente, as coisas mais pesadas.
Com eles, conseguimos construir coisas que jamais seriam construídas se não os houvesse, e são tantos os benefícios que são trazidos que estes chegam a ser inumeráveis.
O problema vem quando eles precisam de cálculos para funcionar. É, cálculos!
Desenhar vínculos é até uma coisa divertida, pois há aquela leve tensão de errar o desenho à caneta. Mas depois que se acaba o desenho, você vai ter que resolver aquela bagaça. Aí a tensão, que era leve, pesa, e justamente na hora que você está tentando achar os valores certos dos vínculos não há nenhum pra suportar a sua tensão. Ironia, não?
O que convém é que eu crio, copio, copio de novo e crio mais um pouco (e estudo, claro), mas ainda assim os valores das forças dos meus vínculos nunca estão certos. Podem dizer que eu preciso estudar mais (e copiar e criar e copiar e criar e etc), mas enquanto não, eu quero dizer pra vocês, vínculos, que detesto vocês enquanto não aumentarem minha nota e que quero que vocês vão para o raio que os parta!
Construção civil, seus vínculos são tão importantes quanto vínculos que nós, pessoas, temos umas com as outras ou até mais, pois suportam nós, pessoas, junto com nossos vínculos. Em compensação, a gente tem outra coisa: a-mor-no-co-ra-ção. Hahahahaha... Tchau, vínculos! Eu não te odeio tanto assim, eu juro!

05/06/2011

As fábulas enganam

O que mais a impressionou no passeio foi a miséria geral, a falta de cultivo, a pobreza das casas, o ar triste, abatido da gente pobre. Educada na cidade, ela tinha dos roceiros idéia de que eram felizes, saudáveis e alegres. Havendo tanto barro, tanta água, por que as casas não eram de tijolos e não tinham telhas? Era sempre aquele sapé sinistro e aquele sopapo que deixava ver a trama de varas, como esqueleto de um doente. Por que ao redor dessas casas não havia culturas, uma horta, um pomar? Não seria fácil, um trabalho de horas? E não havia gado, nem grande nem pequeno. Era raro uma cabra, um carneiro. Por quê? Mesmo nas fazendas, o espetáculo não era mais animador. Todas soturnas, baixas, quase sem o pomar olente e a horta suculenta. A não ser o café e um milharal, aqui e ali, ela não pôde ver outra lavoura, outra indústria agrícola. Não podia ser preguiça só ou indolência. Para o seu gasto, para uso próprio, o homem tem sempre energia pra trabalhar. As populações mais acusadas de preguiça trabalham relativamente. Na África, na Índia, na Conchinchina, em toda a parte, os casais, as famílias, as tribos, plantam um pouco, algumas coisas para eles. Seria a terra? Que seria? E todas essas questões desafiavam a sua curiosidade, o seu desejo de saber, e também a sua piedade e simpatia por aqueles párias, maltrapilhos, mal alojados, talvez com fome, sorumbáticos!...

Lima Barreto, O triste fim de Policarpo Quaresma, Capítulo 3, 2ª parte, pág 110.

07/05/2011

Otakismo


Olha só, não sei se essa é palavra certa, não sei também se a construção do termo está; não preciso saber. Ou até preciso.

Conheço minha amiga Stela desde antes de ela começar a gostar de desenho japonês. Ela gosta tanto de mangás quanto de animes (ou animês, como ela mesma afirma que é o jeito certo de se falar) e, desde que ela entrou nesse mundo, não saiu mais.  Pinta cabelos, faz roupas, fantasia-se, ganha concursos, ganha mp4s, dinheiro, refrigerantes Astral. Depois de um tempo, ela começou a ficar famosa nesse ramo. E também ainda não parou de fazer sucesso.

Nos intervalos das aulas, via gente de outras salas e via uma menina que eu achava o corte de cabelo dela uma gracinha. Tempo depois (em escala de meses), vi no banheiro um caderno personalizado de imagens de personagens desses desenhos japoneses. Perguntei de quem era. Era da menina fofinha. Era da Yasmin. Falei que uma amiga minha curtia. Ela perguntou quem era.

Yasmin conhecia Stela.

Yasmin ao longo do ano tornou-se a menina com quem eu mais conversava no colégio. Comíamos juntas, andávamos juntas, saíamos juntas. Foi numa dessas saídas que conheci Alice.

Meu primeiro contato com Alice foi ao telefone. Nós duas gostávamos de Ashley Tisdale, e Yasmin colocou-a no telefone pra falarmos sobre ela. Durou pouco tempo. Falar com desconhecidos não é fácil.

Fomos eu, Yasmin e Alice ver Star Wars no cinema. Conheci Alice. Gostava mesmo da Ashley, era mesmo meio maluca e, como Yasmin e como Stela, também curtia animes e mangás.

Yasmin conhecia Stela que conhecia Alice.

No mundo dos Otakus e das Otomes, todos vivem juntos em um mundo paralelo, tentando viver o sonho que lápis, papéis e computadores retratam. 

Gosto disso. Gosto dos otakus. Gosto de Stela, Yasmin, Alice, de minhas amigas. Grandes amigas. Me distanciei de umas, me aproximei de outras, coisas mudam... Mas essas amizades continuam. E o que é melhor: sem a Ashley Tisdale.