01/12/2012

3 sabores, mil cores

Preto no cinza no azul-piscina
no lilás-orquídea no rosa-bebê
no branco-azulejo-de-banheiro
no marrom-tronco-de-árvore
no laranja no amarelo-manga
no amarelo-banana misturado com
roxo-caneta no tom pastel no vermelho insano
no sorvete derretido de napolitano.
Amar cura
As amarguras
da vida?
Eu acho que não, pois não estou amando.
Nunca se sabe
Quando começa a arder
E se está sem nenhuma armadura.
Por mais dura que seja a cura
Ela não tem para onde ir.
Amargo seja o desejo que falhou e que traz alguns lapsos de alegria ininteligíveis.
Ou não.
Amargo seja aquele homem que nunca desejou nada na vida.
E na vida desse homem não devem haver amarguras,
pois também não devem haver doçuras.
Doçura: prima do amor, amante da loucura.

12/10/2012

Violeta foi para o Céu

      Há muito tempo, resolvi criar uma história onde a personagem principal chama-se Violeta. Foi um nome difícil de escolher - tive que pedir auxílio - e confesso que, no início, relutei um pouco em aceitar.
      Eu queria uma personagem corajosa, decidida e à frente do seu tempo. Fiquei desconfiada porque eu nunca tinha ouvido falar em alguém com esse nome até então, sem falar nas referências bucólicas a que ele remete - a flor, a cor -, gerando a contradição pitoresca e decisiva para Ela, que resultou, depois de uma reflexão, em enorme satisfação pessoal (da Ananda) por conseguir ter criado a personagem.
      Até que, por esses dias, ocasionalmente passei pelo cinema e vi um cartaz com uma mulher bonita, de cabelos longos, roupas diferentes e segurando um violão com as duas mãos. Eu, que já havia me interessado bastante no filme pela foto, me deparei com o título: VIOLETA foi para o Céu. Foi nessa hora que eu não tive dúvidas de que eu precisava vê-lo.
      De repente estava dentro do cinema, esperando conhecer essa Violeta que um dia existiu.
     Seu sobrenome é Parra. Foi uma cantora chilena, que nasceu no fim da década de 10, que foi uma das maiores artistas do país e que teve uma vida difícil. Aliás: cantora, compositora, instrumentista, artista plástica e compiladora.
     Do início ao fim do filme, eu fiquei meio impactada com a semelhança entre a personalidade da Violeta Parra e a minha Violeta. As duas não são exatamente iguais, é claro, mas também foi legal ver os defeitos da cantora - já que alguns a minha personagem também cometeria e outros não.
   Obrigada, Violeta Parra, por ter existido e por fazer outras Violetas por aí pelo mundo - ou pelas cabeças doidas dos que povoam este mundo doido - também existirem.

05/08/2012

A velha infância

Quando a gente era criança,
A gente tinha problemas de criança.
A gente podia ter problema de criança
E podia agir como criança
Sem problemas.

Agora,
Que a infância acabou
E a gente ainda não é adulto,
A gente tem que agir como adulto
Querendo problemas de criança
Sem poder agir como criança
Sem problemas.

22/07/2012

Crenças e descrenças

   Chegou a hora de fazer esse texto, que eu sempre sonhei em fazer. Sempre - desde quando essa coisa apareceu em minha vida. E sempre há aquela pontinha de: ah, eu já estava predestinada a gostar disso... Bom, eu acredito nisso.
   Eu também acredito que quem tem pressa come cru. Eu, infamemente, procurei ter pressa, e felizmente não deu muito certo. Mas uma coisa que eu não acredito é precisar sofrer pra alcançar o que se almeja. O que é preciso é esforço e, talvez merecimento junto a ele; eu acredito em esforço recompensado.
   Vocês não imaginam a emoção que havia tomado eu e meus amigos lá no aeroporto! Um deles já havia chegado, com o voo mais de uma hora atrasado - lugar sossegado e o guitarrista de olhos azuis sem muita pressa - pareceu gostar da gente levar CDs e LPs antigos para serem autografados. Mas ainda faltavam os outros: tensão, frio artificial, pessoas em volta e o voo que estava previsto pras 15:43h estava confirmado para às 15:40. Mas já são 15:40, poxa, porque eles não saem logo? Porque estão dando autógrafos. Oh! mas não tem problema, pra quem esperou 4 anos. 
   A espera perdurou enquanto ficamos mais rijos que a estrutura metálica do local. Entre detalhes e destrezas, eles saem da sala de embarque. Simplesmente... Saem. Muita gente. Saíram. Pelo lado esquerdo deles e pelo lado direito de onde eu estava posicionada. A partir desse momento eu passei a perder a percepção das coisas ao meu redor. Tipo, cara, cada um foi pra um lado! Mas ele, ele... Vocês sabem de quem eu tô falando! Eu fui na direção dele. E, e...

    - Posso te dar um abraço?
    - Ooopa!

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   A partir daí, foram 5 minutos de euforia discreta, correria e muita, muita emoção. Eu conheci os Titãs e isso demorou 4 anos pra acontecer. Com maturidade e sinceridade, me senti à vontade conversando com eles. Em troca, me receberam com atenção. Todos. Inclusive o que eu meio que acompanhei até a van, e saí conversando com ele pouco fragmentadamente.
  Paulo Miklos, depois desse encontro com você, escrevo com convicção: em qualquer situação e em qualquer adversidade, eu estarei junto de você, pode ter certeza. Mesmo distantes e mesmo que me esqueça.
   Eu acredito em você, Paulo. Eu acredito em você.


   

11/06/2012

Karina Buhr X Calypso

Me mira, ira
A Lua me traiu
A Lua me mira mas
Me trai
Acreditei na ira
Da mira da Lua
Quer errou
E me traiu.

01/05/2012

Mais sobre a Lua


                Lua, doce lua. Tão doce, tão quieta no teu canto. Fica lá, sozinha, subordinada aos outros seres celestes, aguardando apenas a resposta de um futuro próximo...
         Crateras, que mais parecem buracos, que mais são crateras. Que, de longe, nem dá pra ver, mas que todos têm conhecimento desse resquício de sofrimento.
         Mas apesar de todos os teus problemas, ela ainda fica iluminada. Pode estar espantada com alguma coisa – ficando cheia – ou sorrindo – com pequena ou grande intensidade -, mas triste ela não fica. E o melhor: nunca ficará.
         

       Deveríamos aprender mais com a Lua, porque ela é mais que uma vitoriosa. Alegrando-se a si mesma e a nós mesmos, o mundo conquista o seu próprio estado de paz e equilíbrio.

25/03/2012

Desvarios I

ENTENDENDO O MEDO DE MORRER

   "Estou na aula de GOST (Gestão, Organização e Segurança no Trabalho. Aula chata do caralho). O Jovane Nunes alagoano - tem o mesmo tom de voz e ainda tira onda com quem chega atrasado -, quando começou a falar da Organização Arnon de Mello, disse a seguinte frase:
   - Os pais morreram e as empresas ficaram com os filhos.
   É. Depois, esses filhos irão morrer. E depois, os filhos dos filhos e os filhos dos filhos dos filhos. Até chegar em mim e em você e daí por diante."

   Já pensaram no que isso significa?
   Já pensaram que, depois de morrer, ninguém mais irá pensar, sorrir ou comer?

   Já pensaram como é não pensar?
   Como é não existir?

   Ninguém sabe. E ninguém irá saber até chegar lá. O que significa: nunca ninguém saberá. Nunca.
   Então, essa história "russiana" de amar/viver como se não houvesse amanhã até que faz sentido, uma vez que não há provas contra a teoria de que a vida é uma só aventura e nada mais.
   Mas daí, qual seria a melhor forma de se aproveitar essa tal aventura? Comentei com um amigo meu sobre esse assunto, e a conclusão que ele tirou foi a melhor que poderia ter encontrado para esse meu surto de realidade:
   - Ai dentro.


18/03/2012

As semelhanças entre a Lua e algumas lâmpadas

- Ambas são brancas
- Ambas ficam proporcionalmente perto de seres animados
- Ambas são redondas
- Ambas deixam o mar mais bonito
- Ambas aparecem à noite
- Ambas são fortes
- Ambas perduram
- Ambas ajudam e atrapalham
- Ambas são sozinhas