28/09/2013

Amores Platônicos

Na minha cabeça, somos muito amigos; gostamos muito um do outro e temos sempre muito assunto. Na verdade, nos cumprimentamos com frequência e nosso papo acaba rápido, sendo necessário, da minha parte, se esforçar para falar sobre qualquer coisa.


Na minha cabeça, ele me olha tanto quanto e da mesma forma que eu o olho; a admiração é recíproca. Na verdade, eu... não sei, porque sempre que fita na minha direção, eu desvio o meu olhar.


Na minha cabeça, ele me rouba um beijo num lugar deserto sob a luz de um poste no meio da rua e de madrugada. Na verdade, essa cena nunca acontecerá, pois na cabeça dele um desejo parecido é sentido e, quando as duas fantasias semelhantes são reveladas, ambos ficamos assustados e nada de concreto ocorre, pois o medo de que nada fique como antes no mundo da invenção toma conta de nós.

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