Na minha cabeça, somos muito amigos; gostamos
muito um do outro e temos sempre muito assunto. Na verdade, nos cumprimentamos
com frequência e nosso papo acaba rápido, sendo necessário, da minha parte, se
esforçar para falar sobre qualquer coisa.
Na minha cabeça, ele me olha tanto quanto e da
mesma forma que eu o olho; a admiração é recíproca. Na verdade, eu... não sei,
porque sempre que fita na minha direção, eu desvio o meu olhar.
Na minha cabeça, ele me rouba um beijo num
lugar deserto sob a luz de um poste no meio da rua e de madrugada. Na verdade,
essa cena nunca acontecerá, pois na cabeça dele um desejo parecido é sentido e,
quando as duas fantasias semelhantes são reveladas, ambos ficamos assustados e
nada de concreto ocorre, pois o medo de que nada fique como antes no mundo da
invenção toma conta de nós.